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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Anita Malfatti

 Por Cristiano Refosco

DEZ MULHERES DA HISTÓRIA DO BRASIL - ANITA MALFATTI




 9) ANITA MALFATTI

Filha do engenheiro italiano Samuel Malfatti e de Betty Krug,   Anita Malfatti nasceu no ano de 1889 , em São Paulo. Segunda filha do casal, nasceu com atrofia no braço e na mão direita. Aos três anos de idade foi levada pelos pais a Lucca, na Itália, na esperança de corrigir a deformidade congênita, mas os resultados do tratamento médico não foram animadores e Anita teve que carregar essa deficiência pelo resto da vida. Voltando ao
Brasil, teve a sua disposição Miss Browne, uma governanta inglesa, que a ajudou no desenvolvimento do uso da mão esquerda e no aprendizado da arte e da escrita.
Iniciou seus estudos em 1897 no Colégio São José, situado à rua da Glória. Aí foi alfabetizada.
Nesse meio tempo faleceu Samuel Malfatti, esteio moral e financeiro da família. Sem recursos para o sustento dos filhos, D. Betty passa a dar aulas particulares de idiomas e também de desenho e pintura. Chegou a submeter-se à orientação do pintor Carlos de Servi para com mais segurança ensinar suas discípulas. Anita acompanhava as aulas e nelas tomava parte. Foi portanto sua própria mãe quem lhe ensinou os rudimentos das artes plásticas.

Anita pretendia estudar em Paris, e seu tio e padrinho, o engenheiro Jorge Krug, aceitou financiar a viagem. Quando chegou em Berlim em 1910, a Alemanha vivia um momento marcante na sua história: a Arte Moderna Alemã estava em alta. Berlim era então o grande centro musical da Europa. O grupo Die Brucke fazia diversas exposições expressionistas e foi na Alemanha que Anita travou contato com a vanguarda europeia.
Acompanhando suas amigas às aulas no centro musical, acabou recebendo a sugestão para estudar no ateliê do artista Fritz Burger, que era um retratista que dominava a técnica impressionista. Foi o primeiro mestre de Anita.
Teve aulas também com Lovis Corinth, um tipo bem germânico, não tinha a menor paciência com seus alunos. Mas com Anita era diferente. Talvez porque se identificasse com ela. Alguns anos antes sofrera um AVC que, como sequela, tal como a aluna, lhe deixara alguma dificuldade motora.
Ao regressar a São Paulo em 1914, Anita tinha 24 anos. A cidade crescia, mas o ambiente artístico ainda era incipiente, o gosto de arte predominante ainda era acadêmico. Ao mostrar suas obras - nada acadêmicas - Anita tentava explicar os avanços da arte na Europa, onde os jovens haviam levado às últimas consequências as conquistas vindas do Impressionismo. Em 1917, Anita Malfatti realizou uma exposição artística muito polêmica, por ser inovadora, e ao mesmo tempo revolucionária. As obras de Anita, que retratavam principalmente os personagens marginalizados dos centros urbanos, causou desaprovação nos integrantes das classes sociais mais conservadoras.

Em 1922, junto com seu amigo Mario de Andrade Mario, participou da Semana de Arte Moderna. Ela fazia parte do Grupo dos Cinco, integrado por Malfatti, Mario de Andrade, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia. Entre os anos de 1923 e 1928 foi morar em Paris. Retornou à São Paulo em 1928 e passou a lecionar desenho na Universidade Mackenzie até o ano de 1933.
Em 1942, tornou-se presidente do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo. Entre 1933 e 1953, passou a lecionar desenho nas dependências de sua casa.  Após a morte de sua mãe, Anita se afastou do meio artístico por algum tempo, no entanto, quando regressou oficialmente em uma exposição individual de 1955, a artista apresentou suas obras produzidas nesse período de reclusão. Seu novo tema, era exclusivamente a arte popular brasileira, opção esta, considerada por ela e por diversos profissionais sua melhor e mais pura fase.


         Nos anos 50 - até sua morte, em 1964 - vive muito distante das polêmicas artísticas, recolhida em seu sítio. Segundo suas próprias palavras "Tomei a liberdade de pintar a meu modo."





Principais obras de Anita Malfatti 


- A boba
- A Estudante Russa
- O homem das sete cores
- Nu Cubista
- O homem amarelo



Reprodução
A pintora Anita Malfatti
 Meu comentário
Anita foi execrada publicamente por Monteiro Lobato, que terminou por "cortar a mão" desta excepcional artista


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"O que está tão engraçado aqui?" Com esta pergunta, Anita Malfatti interrompeu as sonoras gargalhadas que o escritor Mário de Andrade dava ao se deparar com os quadros "O Homem Amarelo", "A Mulher de Cabelos Verdes" e "A Boba", numa exposição da pintora, em 1917.
Nascida em São Paulo em 2 de dezembro de 1889, Anita Malfatti era filha de imigrantes. O pai, Samuel, italiano naturalizado brasileiro, era engenheiro e trabalhou em estradas de ferro e na construção civil. A mãe, Eleonora Elizabeth, era norte-americana, poliglota, pintava e desenhava.
Exerceria enorme influência na formação da filha.

Quando pequena, no entanto, sua mãe não poderia imaginar que a filha um dia iria se tornar uma das principais pintoras brasileiras. Anita sofria de uma atrofia congênita na mão direita e, aos 3 anos, foi levada para a terra natal do pai em busca de tratamento médico, sem sucesso, porém.
Mesmo assim, aprenderia a escrever, desenhar e pintar só com a mão esquerda.
Em 1910, Anita foi para Berlim, onde tomou contato com a arte expressionista alemã. Lá, frequentou a Academia Real de Belas Artes e o museu de Dresden, onde teve Lovis Corinth e Bishoff Culm como professores.
Voltou para o Brasil em 1913 e, dois anos depois, iria para os Estados Unidos. Em 1914, realiza sua primeira exposição individual, nas Mappin Stores, em São Paulo.
Ficou nos EUA cerca de um ano, onde estudou com Homer Boss no Independent School of Art (Escola Independente de Arte), berço dos primeiros trabalhos cubistas da América. Voltou novamente ao país, em 1916.
A Anita que surge destas viagens e contatos com as artes destes países é a que abrirá o caminho para o modernismo brasileiro. A exposição onde Mário de Andrade gargalhava, "Primeira Exposição de Arte Moderna no Brasil, 1917-1918", aberta em dezembro de 1917, é o começo do movimento, que eclode na Semana de Arte Moderna de 1922.
As risadas do escritor, no entanto, se transformariam em admiração, amizade e uma intensa troca de correspondências entre os dois. Anos depois, o escritor acabaria adquirindo a tela "O Homem Amarelo".
Mas a mudança de opinião do escritor paulista não seria acompanhada por outro grande nome da crítica e literatura brasileiras: Monteiro Lobato. Especialmente irritado com a obra da precursora do modernismo, Lobato publicou um artigo que se tornaria célebre: "Paranóia ou Mistificação?".
Nele, argumentava que a nova pintura de Anita não representava o brasileiro e sua natureza com fidelidade. Chegava ao ponto de insultar a pintora tachando-a de louca. Da querela que se segue, surge a divisão entre conservadores e modernos que iria desaguar na Semana de Arte Moderna, em 1922.
Depois de ir à Alemanha, Anita fez, ainda, uma segunda viagem à Europa, proporcionada por uma bolsa de estudos, mas desta vez, fixou residência em Paris.
Por não querer ser a integrante mais velha do grupo modernista, Anita Malfatti falsificou seu documento de identidade e mentiu sobre seu verdadeiro ano de nascimento. Sempre falava que havia nascido em 1896. O ano verdadeiro, entretanto, era 1889 e quando Anita morreu, no dia 6 de novembro de 1964, estava prestes a completar 75 anos.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2002/semanadeartemoderna80/personalidades-anita_malfatti.shtml

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